As catequeses de João Paulo II sobre os dons do Espírito Santo
O Dom da Fortaleza
No nosso tempo muitos exaltam a força física, chegando inclusivamente a aprovar as manifestações extremas de violência. Mas, na realidade, o homem apercebe-se continuamente da sua debilidade, especialmente no campo espiritual e moral, cedendo aos impulsos das paixões internas e das pressões que sobre ele exerce o ambiente circundante. É precisamente para resistir a estas múltiplas provocações que é necessária a virtude da fortaleza, que é uma das quatro virtudes cardeais sobre as quais se apoia todo o edifício da vida moral: a fortaleza é a virtude de quem cumpre o seu dever sem olhar a compromissos.
Esta virtude encontra pouco espaço numa sociedade em que estão difundidas as práticas da cedência e da acomodação perante os atropelos e a dureza utilizadas nas relações económicas, sociais e políticas. A timidez e a agressividade são duas formas de falta de fortaleza que, frequentemente, se encontram no comportamento humano, com a consequente repetição do triste espetáculo de quem é manso e submisso com os poderosos e prepotente em face dos indefesos.Talvez nunca como hoje a virtude moral da fortaleza tenha necessidade de ser suportada pelo dom homónimo do Espírito Santo. O dom da fortaleza é um impulso sobrenatural, que dá vigor à alma não apenas em momentos dramáticos como no caso do martírio, mas também nas situações normais de dificuldade: na luta por permanecermos coerentes com os nossos princípios; no suportar ofensas e ataques injustos; na perseverança valente no caminho da verdade e honradez, mesmo que por entre incompreensões e hostilidades.
Quando experimentamos, como Jesus no Getsémani, a “debilidade da carne” (cf. Mt 26, 41; Mc 14, 38), quer dizer, da natureza humana submetida às dificuldades físicas e psicológicas, temos que invocar do Espírito Santo o dom da fortaleza para permanecer firmes e decididos no caminho do bem. Então poderemos repetir com São Paulo: “Por isso me comprazo nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias, por Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte" (2 Co 12, 10).
São muitos os seguidores de Cristo - Pastores e fiéis, sacerdotes, religiosos e leigos, comprometidos em todo o campo do apostolado e da vida social - que, em todos os tempos e também no nosso, conheceram e conhecem o martírio do corpo e da alma, em íntima união com a Mater Dolorosa junto à cruz. Eles superaram tudo graças a este dom do Espírito.
Peçamos a Maria, a quem saudamos como Regina coeli, que nos obtenha o dom da fortaleza em todas as vicissitudes da vida e na hora da nossa morte.
Este dom imprime na alma um impulso, uma força que lhe permite suportar com paciência e alegria, sem murmuração, por amor a Deus, as maiores dificuldades e tribulações, todas as crucifixões da vida e se necessário empreender ações extraordinárias ou atos sobrenaturais heróicos: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fil 4,13); “Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força” (II Cor 12,9).
Frutos alcançados: uma superação constante de nós mesmos em meio aos desafios, às tentações, às provações e os acontecimentos difíceis; uma paz inalterável, sobrenatutal; a disposição firme para colaborar com o que é necessário para a salvação de nossa alma.
Espírito Santo, concedei-me o DOM DA FORTALEZA, para que despreze todo respeito humano, fuja do pecado, pratique a virtude com santo fervor e afronte com paciência, e mesmo com alegria do espírito, o desprezo, o prejuízo, as perseguições e a própria morte, antes de renegar por palavras e obras a Cristo.
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