As catequeses de João Paulo II sobre os Dons do Espírito SantoO Dom do Temor
Completo as minhas reflexões sobre os dons do Espírito Santo falando do dom do Temor de Deus.
A Sagrada Escritura afirma que "o temor do SENHOR é o princípio da sabedoria " (Sal 110/111, 10; Pr 1, 7). Mas de que temor se trata? Não certamente de esse "medo de Deus" que leva a que se evite mesmo pensar n’Ele, como algo ou alguém que perturba e inquieta. Este foi o estado de espírito que, segundo a Bíblia, levou os nossos antepassados, após o pecado, a esconder-se “do Senhor Deus, por entre o arvoredo do jardim” (Gn 3, 8); este foi também o sentimento do servo preguiçoso e mau da parábola evangélica, que fez “um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor” (cf. Mt 25, 18. 26).
Mas este conceito de temor como sinônimo de medo não é semelhante ao conceito de temor como dom do Espírito. Aqui trata-se de algo muito mais nobre e sublime; é o sentimento sincero que o homem experimenta frente à tremenda majestade de Deus, especialmente quando reflete sobre as próprias infidelidades e sobre o perigo de ser " pesado na balança e encontrado muito leve" (Dn 5, 27) no juízo final ao qual ninguém pode escapar. O crente apresenta-se e põe-se diante de Deus com o “espírito contrito" e com o "coração arrependido" (cf. Sal 50/51, 19), sabendo bem que deve atender à própria salvação “com temor e tremor " (Flp 2, 12). Porém, tal não significa medo irracional mas sim sentido de responsabilidade e de fidelidade à Sua lei.
O Espírito Santo assume todo este conjunto e eleva-o com o dom do temor de Deus. Certamente ele não exclui a inquietação que nasce da consciência das faltas cometidas e da perspectiva do castigo divino, mas suaviza com a fé na misericórdia divina e com a certeza da solicitude paterna de Deus, que quer a salvação eterna de todos. Assim, com este dom o Espírito Santo infunde na alma especialmente o temor filial, que é um sentimento arreigado no amor de Deus: a alma preocupa-se então em não desgostar Deus, amado como Pai, e de O não ofender em nada, de “permanecer e crescer na caridade” (cf. Jo 15, 4-7).
Deste santo e justo temor, conjugado na alma com o amor a Deus, depende toda a prática das virtudes cristãs, e especialmente as da humildade, da temperança, da castidade, da mortificação dos sentidos. Recordemos a exortação do Apóstolo Paulo aos Coríntios: " caríssimos, purifiquemo-nos de toda a mácula da carne e do espírito, completando a obra da nossa santificação no temor de Deus " (2 Cor 7, 1).
É uma advertência para todos nós que, por vezes, com tanta facilidade transgredimos a Lei de Deus, ignorando ou desafiando os seus castigos. Invoquemos o Espírito Santo para que derrame largamente o dom do santo temor a Deus nos homens do nosso tempo. Invoquemo-lo por intercessão de Aquela que, perante o anúncio da mensagem do anjo "se perturbou" (Lc 1, 29) e, ainda nervosa pela inaudita responsabilidade que lhe era confiada, soube pronunciar o "fiat" da fé, da obediência e do amor.
Vinde, Espírito do Temor de Deus,
E faz com que viva de tal modo segundo as promessas batismais,
Que renuncie cada dia ao egoísmo e opte pelo que é bondade e justiça,
Paz, alegria, amor e santidade.
Vinde, Espírito do Temor de Deus
E faz com que viva de tal modo segundo as promessas batismais,
Que renuncie cada dia ao egoísmo e opte pelo que é bondade e justiça,
Paz, alegria, amor e santidade.
Vinde, Espírito do Temor de Deus
Nenhum comentário:
Postar um comentário